A imaginação
Maio 29, 2019
Primeiro tentei perceber realmente o que é ser submissa, li muito, compreendi que é, para muitos um modo de vida, para outros apenas uma fantasia ocasional.
Li também que um dominador é um sádico e um submisso é um masoquista. Um gosta de provocar dor e o outro gosta de receber. Dor. Fiquei com esta palavra ás voltas no cérebro, dor, dor, dor. Adormeci e tive pesadelos. Sonhei cenas mais dignas de filmes de gore do que de filmes de sadomasoquismo. Imaginei cenários macabros em que era chicoteada, espancada, mordida, fios de sangue a escorrer, uma figura masculina a ejacular para a minha cara ao mesmo tempo que puxava uma corda que me apertava o pescoço. Senti humilhação, impotência, solidão, provei o sal das minhas lágrimas, o ardor das linhas do chicote.
Acordei e chorei, chorei por mim, porque estava a ser parva, porque estava sozinha e não podia falar com ninguém, porque estava a deixar-me levar pela imaginação e por medos profundamente enraizados.
Estava na hora de despachar para o trabalho, no comboio dormitei, sonhei acordada com um príncipe, alguém que me beijasse, não que me batesse.