e fui...
Maio 06, 2021
Acordei, como uma miúda que ia para um passeio de escola. Ansiosa, contente e cheia de energia. A meio do banho matinal caí em mim.
-Estas tão contente porque quê mulher? por ires sofrer?
Fiquei com medo do que aí vinha, de ser maltratada, de não ser escolhida e ao mesmo tempo de ter um pretendente.
Sentia um desconforto no estômago, como um mau presságio. Vontade de fugir e ao mesmo tempo de ficar. Depois de uma semana já devia de estar mais segura do que ia fazer, mas não.
A manha foi passada a rever a cerimónia, tirar dúvidas e fazer a prova final da roupa, de tarde a Rute esclareceu os pormenores finais da cerimónia e do que ia encontrar quando voltasse para o quarto.
Sete horas da noite, estou com o cabeleireiro, a senhora das unhas e o maquilhador está ali ao canto à espera. Unhas vermelhas, é obrigatório. O cabelo preso atrás, nem sei bem como... ao espelho parece que de repente me cresceu uma cabeleira inteira. Está giro, gosto.
O maquilhador vinha com as ordens já definidas, recuso a maquilhagem muito carregada e nem pensar em pôr aquelas pestanas postiças. A Rute lá tentou, mas levou com um,
-Com esses coisas nos olhos, não vou a lado nenhum. Vou estar com venda nos olhos, certo?
Afastasse com o revirar de olhos que começo a conhecer.
É agora, estamos em fila na entrada do salão, sinto frio e estou arrepiada. Se não fosse pela mão que me guia já teria caído, tenho as pernas que nem gelatina, o creme que me colocaram no corpo brilha. Incomoda e sinto-me envergonhada.
Colocam as vendas, fodasse que falta de ar!
As portas abrem, oiço uma música suave e muito baixa. O burburinho de vozes cessa.